Agora que estamos a cerca de mês e meio das próximas eleições, já começa a ser altura de pensar em que partido se irá votar. E a reflexão é neste momento decisiva para o futuro do país.
Nesta fase, parece que o PS irá ganhar as eleições, sendo que a grande questão é se o fará com maioria absoluta ou não. O problema é que não atingido a maioria absoluta, voltamos a cair na situação em que já estivemos há uns anos e que não permite uma efectiva governação do país. Nesta situação, o PS precisa sempre do apoio de algum partido e as alternativas não são satisfatórias. Assim, ou o governo cai no stuck in the middle ou tem que assumir compromissos com partidos com propostas irrealistas ou utópicas, sem tem em conta o interesse do país.
Por outro lado, apesar de se poder assumir algumas diferenças entre direita e esquerda, há que ter em conta que neste momento, nas grandes políticas que é necessário implementar, esta diferença esbate-se em questões de pormenor, que não permitem uma distinção real.
Assim, neste momento, estamos numa fase decisiva, em que apesar da instabilidade governativa, temos um trunfo: a grande vantagem destes últimos cinco meses é que nos permitiram ter um período de experiência que é raro nestas situações. É como se fosse um test drive antes de comprar o carro, ou viver junto com a namorada antes de casar. Já ficámos com a noção de que não é isto que queremos.
Assim, partido a partido, diria que:
PSD – em boa consciência não se pode votar no PSD nas próximas eleições. Mesmo ignorando os últimos 4 meses, “todas as trapalhadas” e todas as situações por demais discutidas (e já em “campanha”, a blague do Pôncio Monteiro, por exemplo), basta relembrar dois pontos referentes às próximas eleições:
não só o PSD dá 2 lugares de deputados a 2 partidos que têm tanta expressão eleitoral juntos como o PCTP/MRPP (ou seja, sem representação parlamentar), como fragiliza a sua posição face ao CDS/PP: para além de libertar aquele que seria o voto útil da direita no PSD, no eventual e distante caso de as coisas correrem bem, obriga-se a trazer o CDS/PP para o governo. Agora eu pergunto: será este género de pensamento estratégico que queremos para o país? Não me parece…
PS – Tal como já foi referido, sendo o provável vencedor, a alternativa neste momento é dar uma maioria absoluta ao PS, porque é o único capaz de a alcançar. Mesmo os habituais votantes no PSD, ao pensarem no que será melhor para o país, deverão ter em conta que com uma vitória minoritária do PS, teremos mais dois ou quatro anos perdidos no desenvolvimento do país. Não seria uma pena desperdiçar esta oportunidade por questões menores ou de pormenor?
Bloco de Esquerda – Já tendo uma bancada parlamentar de três deputados (mais que suficiente para a habitual rotatividade e para o Francisco-à-partida-estou-indignado-Louçã ir aparecendo na televisão), o voto no BE é negativo, porque no caso de maioria absoluta PS, é indiferente. Mais um ou dois deputados a rodar, não têm relevância. No caso de maioria relativa PS, dá força a mais e possibilidade de condicionar políticas a um partido com ideias que não vão de encontro ao pensamento da maioria dos portugueses.
PCP – Mais ou menos o mesmo discurso que no ponto anterior, com a diferença de que manterá o declínio;
CDS/PP – A única outra alternativa viável, no sentido em que, goste-se ou não do homem, há que assumir que quem consegue fazer o que ele fez com um partido à beira da extinção (conseguir n ministros e secretários de estado e manter uma posição de força face ao PSD, como já foi visto, apesar de ter 1/6 do eleitorado do parceiro), é extraordinário.
Outros – Nem vale a pena comentar.
Agora, fico à espera do vosso comentário. E sim, especialmente do teu (e sabes quem és…)
AMC