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14h30
Futebol/”Caso Mateus”: Juiz Pedro Mourão mantém posição
O juiz Pedro Mourão, um dos membros demissionários da Comissão Disciplinar (CD) da Liga de futebol na sequência do "caso Mateus" escusou-se hoje a responder ao Gil Vicente e apontou a sua indignação para dois outros membros da CD. Em declarações à agência “Lusa”, o juiz desembargador do Tribunal de Évora não quis comentar as declarações do presidente do Gil Vicente, que hoje disse, em conferência de imprensa, que era tudo "um chorrilho de mentiras". "Não comento a interferência de pessoas que não são a origem da minha indignação e essas são Domingos Lopes e Gomes da Silva", disse Pedro Mourão, apontando os nomes do membro e do presidente da CD que terão invertido a decisão no processo que julga a utilização supostamente irregular pelo Gil Vicente do avançado angolano Mateus. Em causa está a notícia hoje publicada no jornal O Independente, onde surge a carta de demissão de Pedro Mourão da CD da Liga dirigida ao presidente da mesa da Assembleia Geral daquele organismo. Na carta, Pedro Mourão explica o desenvolvimento do "Caso Mateus" e revela que o presidente da Comissão Disciplinar, Gomes da Silva, inverteu o seu sentido de voto, mudando assim o acórdão, de uma decisão favorável ao Belenenses, numa reunião a 1 de Junho, para o benefício do Gil Vicente, a 9. Quem merece também críticas por parte do juiz é o membro da CD Domingos Lopes, filho do vice-presidente do Gil Vicente Constantino Lopes que, em duas reuniões, passou de "impedido" a estar disponível para votar. Para Pedro Mourão só o presidente da CD, Gomes da Silva, pode explicar porque mudou o seu sentido de voto, mas já em relação a Domingos Lopes, que numa primeira reunião dissera estar "impedido", o juiz-desembargador foi muito crítico. "A alteração de conduta de Domingos Lopes é uma violação processual. Um julgador não julga um familiar, é um princípio processual que foi violado. Ele é um jurista tem a obrigação de o saber", acentuou Pedro Mourão. Na sua carta de demissão da CD, Pedro Mourão explica que a reunião de 1 de Junho apresentava um acórdão favorável ao Belenenses (três votos a favor e zero contra), mas a 9 de Junho Gomes da Silva terá apresentado o seu voto como vencido. Logo de seguida, e de acordo com o juiz, Domingos Lopes levantou o seu "impedimento", votando a favor do Gil Vicente, e o presidente da CD fez valer o seu estatuto para apresentar um voto de qualidade e desempatar a votação. Em consequência, Frederico Cebola e Pedro Mourão, os dois elementos que, a 9 de Junho, votaram contra a decisão da CD em arquivar os processos iniciados por Académica e Belenenses contra o Gil Vicente, decidiram apresentar a demissão. A possível descida do Gil Vicente era uma consequência do recurso aos tribunais civis para permitir a inscrição do angolano Mateus, situação que vai contra os regulamentos da Liga, mas o clube sempre alegou que foi o futebolista quem procurou a justiça fora das instâncias desportivas.
JQ